Não me deixe na estante

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Não, obrigada. Eu prefiro não ser poesia.  Poesia é coisa inventada. Eu prefiro ser realidade. Já dizia Carlos Drummond: ‘há livros escritos para evitar espaços vazios na estante’. Eu não quero ser um desses. Não quero ser um história na sua vida que apareceu para tapar buracos, pra passar o tempo.  Não quero preencher espaços vazios que outras pessoas deixaram.

Também não quero um espaço só meu. Quero ter o nosso, viver o nosso. Ser lida e relida, e ser usada, cheirada, rabiscada. Não quero juntar pó. Quero estar na tua cabeceira. Quero acabar com uma capa velha e enrugada do teu lado. Mas de quê importa minha aparência. Deixa eu envelhecer com você.

Me completa, me reescreve. Mas não me deixa ser só poesia, daquelas que você lê, decora, recita e guarda na estante. Quero ser história inteira, ser romance e ser novela. Me vive. Me absorve. Me conta. Não deixa só eu ocupar um lugar esquecido. Não me ignora nestes teus dias. Deixa eu ser lembrada. Me ama.

Autor Desconhecido (quem souber a autoria, favor deixar nos comentários)

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