Cafajestes e mulheres evoluídas

Eu não sou uma pessoa romântica e queria que isso ficasse bem claro desde já. Não espere de mim carinhas meigas ou frases feitas. Eu não vou dizer que te amo com duas semanas de namoro. Nem se eu forçasse todo o romantismo que não tenho. Não me mande flores no dia seguinte de ter aprontado comigo. Elas vão todas pro lixo assim como qualquer possibilidade da gente ter algo mais sério. E, sim, eu falo palavrão. Até porque um bom palavrão ajuda a lavar a alma, aliviar a dor e espantar o tédio. Então não faz essa cara de espanto toda hora.

Não tem a mínima condição de eu saber se eu quero algo sério com você em tão pouco tempo que te conheço. E, por favor, não me pressione. Vai ficar chato e eu vou pular fora. Sou meio homem nessas horas. Não me faça sentir culpa por querer interagir com você sem compromisso. Tempos modernos, entenda isso. Mais cedo ou mais tarde, vocês homens iam provar do próprio veneno. Foi bom pra você? Eu sei. É chato mesmo quando você quer algo sério e a pessoa só quer curtir. Mas faz parte da pesca. Como dizia meu ex: um dia da caça, o outro da pesca.

E hoje você é a minha caça. E não precisa embrulhar pra viagem, não, que eu vou devorar agora mesmo. Consumo imediato e instantâneo. Você não fazia isso com as outras antes? Eu te achei uma carinha bonita, mas por aqui onde eu moro tá cheio disso. E eu preciso de muito mais do que uma carinha bonitinha pra te querer. To dizendo querer com a alma, sabe? Querer, querer mesmo. Por enquanto, não. Por enquanto te quero mas de outro jeito – se é que me fiz clara. Pra eu te querer, querer mesmo, precisa de muito mais que isso. Faz um esforço, adota um animal, sei lá. Mas achar que vai me conquistar tirando a camisa na webcam não dá, né?!

Reconheço um cafajeste a quilômetros de distância. Porque eu atraio esse tipo. E, se eu te atraí, com certeza foi por isso. Você não passa de um cafajeste disfarçado de bom moço pra me conquistar. Conheço bem esse papo de romantismo. Banca o bom moço, se diz bem intencionado e dá o bote. Já vi esse filme. Esse tipo são os piores. Porque mulher acredita em homem “bom”. Acredita no príncipe encantado, no homem ideal, na cara metade e nesse monte de baboseira reforçada pela cafajestagem do mundo.

Mas sabe o que? Eu evoluí. Como um Pokemon moderno, eu evoluí. Aprendi a separar os bons moços dos moços como você. Otários. Babacas. Bananas, na verdade. Um bando de homens carentes de merda que usam as mulheres pra se sentirem bem. Usam e descartam. Usam enquanto precisam delas e descartam quando encontram a próxima infeliz. Mas essa não sou eu mais. Cansei de ser a infeliz na mão de otários como você. Virei a feliz e comecei a fazer do meu jeito. E o meu jeito é dispensar tipinhos manjados como o seu. Nesse papo, não caio mais. A romântica, a sonhadora, a fiel: morreu. De desilusão. Mas a boa notícia é que existe vida após essa morte. Isso eu te garanto. E olha, to me sentindo mais livre. A verdade liberta mesmo. E hoje, prefiro os homens de verdade. De carne e osso. E coração. Porque os cafajestes são personagens 24 horas. Robozinhos programados pra saber sempre o que falar pra uma mulher. E isso, não quero mais. Cafajestes não têm coração.

Brena Braz

Ele vai se casar

Ele vai se casar. Ele vai se casar daqui duas semanas apesar de a gente ter se encontrado secretamente ontem à noite. Ele vai se casar porque agora ele é um homem importante e precisa ser um homem casado pra mostrar que amadureceu.

Ele vai se casar ignorando todas as vezes que ele me encosta e o corpo dele se arrepia. Ele vai se casar ignorando o fato de que a vontade que ele tem de me encontrar não vai acabar no dia seguinte do casamento dele. Ele vai se casar e a gente só não vai se encontrar mais porque me recuso a me encontrar secretamente com homem casado. Ele vai se casar e vai receber mensagens de texto no celular como essa que acabei de ouvir agora “amor, não esqueça o arroz”.

Ele vai se casar e todo o arroz que vão jogar nos noivos vai simbolizar o tanto de vezes que a noiva dele vai ser traída. Ele vai se casar e a minha vida vai continuar sem ele porque sempre foi assim. Ele vai se casar e provavelmente este será o último texto que fala sobre ele na minha vida (eu poderia escrever vários outros sobre o quão tediosa e previsível a vida dele vai ser daqui pra frente mas prefiro me abster). Ele vai se casar e tudo que eu pensava sobre o amor vai por água abaixo assim como nossos encontros secretos. Ele vai se casar e vou começar a acreditar que todas as pessoas estão condenadas a se casarem com outras pra terem relacionamentos estáveis (que eu chamo de mornos). Ele vai se casar e me fazer acreditar que todas as paixões arrebatadoras estão condenadas ao fracasso. Ele vai se casar e todas as chances de a gente se ver de novo vão escorrer pelo ralo daqui duas semanas.

Ele vai se casar e, sinceramente, não estou arrasada. Acho digno que esse tipo de pessoa saia mesmo da minha vida pra sempre. Não compartilho desse pensamento retrógrado de se casar por conveniência. Ele vai se casar e a coitada da noiva vai continuar sendo traída. E talvez ela finja que não sabe por conveniência também. Talvez ela finja que não sabe que ele é assim pra não ter que desmarcar o casamento. Talvez ela saiba e não queira saber. Um finge que engana e o outro finge que acredita. Talvez seja boa a vida assim. Mas não pra mim.

A minha vida vai continuar. E a dele também. E as chances de o mundo parar pra gente de novo vão se perder. E todo o vinho, o suor, a paixão do mundo, não vão nos pertencer mais. Vou continuar buscando ele em outros corpos. Em outros copos. Em outras noites divertidas com vinho. E ele vai continuar me buscando nela. E eu não vou estar lá. Não vou estar lá pra presenciar esse maldito casamento de fachada. Não quero ser testemunha de uma farsa. Não nasci pra me casar com alguém pra fazer bonito pros outros. Pra gastar com festas caríssimas que depois vão virar dias tediosos ao lado de uma pessoa tediosa.

Ele vai se casar e este texto não é um protesto contra isso, nem uma tentativa de fazê-lo desistir. Porque não há mais volta. Meu reinado chegou ao fim. Apesar de eu ter chegado muito antes dela, não há qualquer sentimento de ter perdido alguém que poderia passar a vida comigo (nem tudo que se perde tem valor, já diz uma música brega que ouvi). Esse texto é só pra dizer que, de uma certa forma, estou feliz que ele vai se casar. Estou mais feliz ainda porque ele vai se casar e não é comigo. Porque eu não tenho a mínima vocação pra ser corna.

Brena Braz

Por favor, não me ame

Dizem que as mulheres que passam dos trinta ficam desesperadas pra casar. Dizem. Ninguém diz nada dos homens. Ou melhor, não diziam. Porque, agora, eu vou dizer. Cansou minha beleza esse papo de mulheres desesperadas, afobadas e apressadas pra casar com o primeiro que aparecer. O que eu tenho visto por aí é muito diferente disso. Os homens estão desesperados à procura de uma mulher bacana pra namorar. Pra namorar, que fique claro. Porque pro resto está sobrando.

Com o tanto de mulher fácil que tem por aí, os homens estão ficando mais seletivos e – acreditem – querendo um relacionamento sério com uma pessoa só. Quando sexo era artigo de luxo, sexo prendia um homem a uma mulher. Hoje em dia, sexo eles conseguem na primeira noite, então os critérios de seleção passaram a ser outros. E com o tanto de mulher dada por aí, os homens pararam de procurar sexo (porque sexo ta em promoção na banca da feira) e começaram a procurar um relacionamento. Relacionamento sério hoje em dia virou o novo artigo de luxo.

Criamos a carência masculina. Homens saturados de noites calientes e camas vazias. Homens que cresceram como bebês chorões e pidões. Cidadãos que te ligam vinte vezes no dia seguinte e não querem desligar o telefone (isso não era coisa de mulher?). Cidadãos que querem namorar antes mesmo de te conhecer direito. Estamos provando do nosso próprio veneno. Gostamos? Ainda é cedo pra avaliar. Mas já é fato que não são mais as mulheres que estão desesperadas depois dos trinta.

O cidadão já quer te conhecer te enchendo de perguntas indiretas pra saber se você vai ser a futura mãe dos filhos dele. Oi??? Por que você ta me perguntando se eu quero ter filhos, meu filho? Já ta na hora desse assunto? Ele já te inclui no próximo final de semana e nas férias dele. Oi??? Não ta indo muito rápido? Nem sei se eu quero nada sério com você. Não importa. Ele quer. Antes mesmo de te conhecer, ele quer um relacionamento sério. Na cabeça dele, ele cria a mulher ideal. Aí escolhe uma pra vestir o personagem criado por ele e pronto. Achou a mulher ideal – ele pensa. Tamanha a afobação.

Quando eu era bem nova (não faz muito tempo, ta?!), existia um livro chamado “Por favor, não me ame”. Nunca cheguei a ler esse livro e hoje em dia não está mais à venda. Mas acredito que quem escreveu aquele livro me entenderia hoje. Não que eu não queira ser amada. Pelo contrário. Quero amor de verdade. Não quero preencher carências de gente que quer se casar a todo custo. Não quero que me amem porque eu preencho certos requisitos pré-definidos. Não quero que me amem porque a idade chegou ou porque é hora de pararem com as baladas e constituírem uma família. Não quero ser tapa-buraco de ninguém. De homens que nunca levaram ninguém a sério e resolveram fazer isso agora. De homens separados e sem filhos que não aguentam mais ficar sozinhos. De homens que nunca se casaram e decidiram que a hora é essa. De homens que ficaram tão carentes com a idade que não aguentam a si próprios.

As mulheres, que antigamente tinham medo de ficar pra titia se não se casavam antes dos trinta, agora têm um novo medo: de homens desesperados porque que passaram dos trinta.

Brena Braz

Mais macho que muito homem

Eu não estou procurando namorado. Já falei mil vezes que me dou muito bem com a minha própria companhia. Não tenho interesse de fazer meu ficante-médio-interessante subir pra posição de namorado. Namorar por conveniência é para os fracos. Pra mim, não. Eu sou guerreira. Vou atrás do que quero e o que eu quero é um homem de verdade. Quero um homem que seja mais homem do que eu. Isso mesmo: um homem que seja mais homem do que eu.

Não é fácil ser homem, eu imagino. É esperado que vocês tenham um bom salário, que vocês paguem a conta, que vocês tomem a iniciativa, que vocês sejam altos, que vocês sejam fortes, que vocês tenham pintos grandes. E que se convençam de que tamanho não é documento. Eu sei. Não é nada fácil ser homem. Mas eu coloco meu lado homem todo dia em exercício. Troco pneu de carro, troco chuveiro elétrico, conserto descarga, dirijo por 600km sozinha. Me viro sem precisar da força de ninguém a não ser da força física. Sou mais homem do que quase todos os homens que já passaram pela minha vida. Sou homem de terminar um relacionamento com dignidade sem precisar dar motivos toscos pra outra parte sair fora. Sou homem na hora de assumir o que eu quero sem precisar manter relacionamentos paralelos pra massagear meu ego. Sou homem na hora de ter uma conversa séria ao invés de gritos e acusações. Sou homem do começo ao fim de um relacionamento. Ou, como cantava a canção: sou mais macho que muito homem.

Dureza é ver homem que não honra as próprias calças, como dizia meu avô. Que precisa trair ou magoar alguém pra fazer essa pessoa ir embora ao invés de simplesmente dizer adeus. Dureza é ver homem que mente descaradamente e se faz de bom moço. Dureza é ver homem que acha que é melhor do que a mulher porque tem um salário maior. Dureza é ver homem castrador que proíbe a mulher de usar saia curta ou qualquer coisa que a deixe sexy, enquanto compra revista de mulher pelada pra ver exatamente aquilo que ele faz a mulher esconder. Dureza é ver homem que proíbe a mulher de ter amigos enquanto ele paquera até a moça do café no trabalho. Dureza é ver homem que corta a Internet da mulher enquanto ele adiciona as vizinhas no Facebook. Isso pra mim é, como eu ia dizendo, não honrar as próprias calças. Isso pra mim é falta de hombridade. Falta de ser homem de verdade mesmo. E esse tipo é o que mais tem por aí.

Mas o homem que eu estou querendo não tem nada a ver com isso. O homem que eu quero precisa invadir minha vida de um jeito que nenhum homem fez ainda. O homem que eu estou procurando precisa ser capaz de trocar não só pneu de carro, mas todos os conceitos machistas arraigados por uma visão mais atual dos relacionamentos. O homem que eu estou procurando precisa mais do que dirigir um carro por longos quilômetros de estrada, precisa saber conduzir um relacionamento por alguns períodos intempestuosos. O homem que me atrai não precisa pegar duzentos quilos na academia, mas precisa saber segurar uma barra quando nem tudo forem flores. Porque, pra mim, ser homem não é uma questão de sexo apenas. É uma questão de atitude diante das situações mais adversas. E esse homem que eu quero precisa ser homem de verdade. Precisa ser mais homem do que eu. Porque eu sou muito homem.

Brena Braz

É só o meu jeito.

Não é nada fácil. Mas você é bom nisso. Você me amolece com suas palavras. Me suporta com esse seu jeito doce-azedinho. Você é uma pessoa boa e acha que o mundo é bom. Aprendeu a ver o mundo com seus olhos (me ensina?). E eu sou pura. Pura azedura. Puro teste de paciência com você. Testo seus nervos, sua pele, seu suor. Testo suas noites de sono. Seus sonhos. Misturo os meus com os seus. Me perco em você todo. Agora só falta a gente achar um caminho.

Me ensina a falar a sua língua. Me ensina a ver o mundo bom que você quer me mostrar lá fora. A ver o que eu não vejo. Me leva pra você. Some comigo no mundo. Me coloca pra dormir e só deixa eu acordar se for do seu lado. Não me deixa sozinha nunca mais.

Brena Braz

Fica na minha vida para sempre?

Você não precisa mais de chocolate. Agora, você tem um cidadão que te causa o mesmo efeito. Que te dá uma sensação boa pelo corpo inteiro. Que te dá energia e que te dá gosto. Que dá gosto de olhar, de tocar, de sentir, de beijar. Ele dirige bem seu carro, seu corpo e, se sua vida fosse um filme, ele poderia ser o diretor. Ou o personagem principal.

Ele escreve as coisas mais lindas que você já leu e, mesmo assim, ele consegue ler seus textos cheios de clichês. E ele é meio clichê do seu lado. Ele fala que te adora. Te chama de linda. Diz que te quer pra sempre.

Mas enquanto o pra sempre não chega, você quer aproveitar cada segundo do lado dele. Você queria não ter hora pra ir embora. Você queria que ele não fosse embora. Você só queria rir com ele à noite inteira. E queria que a noite inteira não tivesse fim. Pra vocês falarem besteiras. Pra jogar conversa fora. Pra você falar das coisas fúteis sem parecer estúpida. Pra ele rir porque o álcool é intolerante a você.

A noite é sempre perfeita. Você bebe uma ou duas doses da sua bebida favorita e ri horrores. Ri porque se diverte com ele. Ri porque ele consegue ser mais bobo que você. Ri porque não entende como pode ser tão gostoso estar do lado daquele cara que nada sabe sobre você e gosta da sua companhia mesmo assim. Ri porque está feliz com tão pouco. Está feliz de estar ali. E queria estar ali pra sempre. Você ri porque ele não é nada daquilo que você imaginou pra sua vida. Mas ele te convence, sem palavras, de que é o cara perfeito pra você. E faz com que tudo que você viveu antes dele pareça tão morno. Faz com que os outros caras que já passaram pela sua vida pareçam tão pouco.

Ele admira seu sorriso. Diz que seu corpo é lindo. Adora seu cabelo. Suas pernas. Beija sua mão. Beija seu rosto com um carinho ingênuo. Toca sua pele e faz você se sentir uma adolescente. Ele te abraça e muda o ritmo da sua respiração. Porque, na verdade, ele mudou sua vida. Ele não fez nada pra isso, mas te faz a pessoa mais feliz do mundo. Você não quer mais nada dessa vida. Quer ele. E só. Quer ele te abraçando com aquela mão macia. Com aquele corpo quente. Aqueles olhinhos brilhando do seu lado. Aquele olhar que fala sem palavras. Aquele sorriso mais do que fofo. Aquele cara que chegou e te rendeu sem o mínimo esforço. Por quem você abandonaria todos os outros caras interessantes que te ligam sábado à noite. Deletaria do seu celular todos os números de telefone. Por quem você largaria todas as outras propostas. Arriscaria começar tudo de novo. Ele é o cara pra quem você olha e pensa: fica na minha vida pra sempre?

Brena Braz

Saudade sem destinatário

Ando sentindo uma saudade descabida. Saudade descabida porque não está cabendo em mim mesmo. Não cabe em lugar algum. Transbordou. Saiu da borda. Uma saudade estranha. Uma saudade de ninguém. Uma saudade que não tem nome ou um endereço específico. Saudade de ligar pra alguém e chamar pra almoçar. Saudade de sair do trabalho seis horas da tarde e chamar pro cinema. Saudade de assistir televisão domingo à tarde debaixo do edredom. Saudade de ter com quem conversar no final do dia. E de ter alguém em quem pensar quando acordo. Saudade de poder falar que gosto (e também poder falar “não gostei”) sem precisar ensaiar antes. Saudade de sentir saudade de alguém.

Saudade do cheiro do meu perfume favorito em outra pele suada. Saudade de ouvir que eu sou linda (de manhã cedo com a cara amassada). Saudade de ficar em silêncio ouvindo a respiração. Saudade de viajar sem precisar dirigir. De cantar no carro e alguém me ouvir. Saudade de ouvir o CD de músicas favoritas que eu não gosto.

Saudade de acordar com flores e de receber presentes sem nenhuma data especial. Saudade de ter uns apelidos estranhos, que não têm nada a ver com o meu nome. Saudade de fazer as pazes e abraçar mais forte. Saudade de ser a número um e não apenas mais um número. Saudade de ser entendida sem precisar me explicar. De dizer o que eu quero sem precisar falar. Saudade de ser tão igual e fazer toda a diferença. Saudade de gostar dos mesmos lugares e de bebidas tão diferentes. Saudade do calor, do cheiro, do gosto. Saudade do toque, do beijo, do carinho. Saudade com remetente e sem destinatário. Saudade sem preço, sem endereço e sem data pra expirar. Saudade do que ainda me falta viver.

É… ninguém me falou que cama nova provocava efeitos colaterais. Ou talvez seja só a carência do domingo à tarde. Amanhã eu descubro.

 Brena Braz

Não perca seu tempo comigo

Então não perca seu tempo comigo. Eu não sou um corpo que você achou na noite. Eu não sou uma boca que precisa ser beijada por outra qualquer. Eu não preciso do seu dinheiro. Muito menos do seu carro. Mas talvez, eu precise dos seus braços fortes. Das suas mãos quentes. Do seu colo pra eu me deitar. Do seu conselho quando meu lado menina não souber o que fazer do meu futuro. Eu não vou te pedir nada. Não vou te cobrar aquilo que você não pode me dar. Mas uma coisa eu exijo. Quando estiver comigo, seja todo você. Corpo e alma. Às vezes mais alma. Às vezes mais corpo. Mais por favor, não me apareça pela metade. Não me venha com falsas promessas. Eu não me iludo com presentes caros. Não, eu não estou à venda. Eu não quero saber onde você mora. Desde que você saiba o caminho da minha casa. Eu não quero saber quanto você ganha. Quero saber se ganha o dia quando está comigo.

Brena Braz

Ninguém disse que ia ser fácil

Se o amor tem um preço, é este: amar vinte quatro horas por dia, sete dias por semana. Amar cem por cento. Amar por inteiro. Infinito. Sem data de validade ou prazo pra expirar. Dar sem garantias de receber nada em troca. Apostar todas as suas fichas. Ser todo. Se o amor tem um preço, um jeito, uma forma, uma fórmula. Se o amor tem jeito. Eu não sei.

Eu não sou fácil, não me vendo, não aceito migalhas, não gosto de metades. Sou um império do bem e do mal. Sou erótica, sou neurótica. Sou boa, sou má. Sou biscoito de polvilho. Açúcar, sal, mousse de maracujá. Só não sou um brinquedinho. Que alguém joga no canto do quarto quando não quer mais brincar. Sou um pacote. Uma mala. Sou difícil de carregar.

Brena Braz