Salvar você

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Cá entre nós. Você só está aqui comigo por segurança e nostalgia, porque fiz parte da sua vida num passado distante que não volta mais. Talvez você esteja aqui comigo pelos motivos errados, tentando resgatar um fulgor escasso na década. Eu cresci, me modifiquei, ganhei algumas rugas, tirei lições, tenho um punhado de experiência, e até agora ninguém entrou com pedido de beatificação. Conheço bem você. Procura uma foda rápida, mas precisa mesmo de um novo amor. Eu não sou essa pessoa que você está procurando. Não voltei para salvar você.

Gabito Nunes

Adicto

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O mundo é divido entre as pessoas que sabem que amar é uma necessidade básica, e as pessoas que fingem que não – talvez nasceram sem fome, sem paladar, sem boca para o amor. Só quem já fez sexo e amou ao mesmo tempo, na mesma cama, com a mesma pessoa, entende a pequena diferença entre os homens e os chimpanzés. Esse experimento comprova que basta uma só vez, e você se torna um adicto.

Gabito Nunes

Conto contigo

08

Parece exagero, mas é que você, poxa vida, só você conseguiu pular o muro de dificuldades que levantei em volta de mim quando as palavras dor, saudade, ausência, falta e despedida fizeram de mim uma menina de lata. Você e seus cabelos escuros e sempre meio ensebados de vir da rua, seu abraço com cheiro de confiança e seus sorrisos nada comerciais. Eu, menina com os pés no chão e sem teto, acabei de decidir que vou levar um choque térmico, atravessando bruscamente pro lado quente da calçada. Conto contigo.

Gabito Nunes

O inferno por dentro

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Você é aquele tipo de pessoa inconfiável, seus movimentos são joguinhos manipuladores, seus discursos nem se fala. Já faz tempo que parei de guiar minha vida com suas frases de parachoque de caminhão. Fui embora. Agora de uma vez. Sem volta e sem conversa. Voltei para a casa dos meus pais, mas não por muito tempo. Meu antigo quarto virou uma sala de cinema. Talvez eu volte pra Lisboa. Aliás, não te interessa. Não estou dizendo isso porque no fundo te quero ralando joelho pelas ruas atrás de mim. Não dessa vez. Não vem com bombons, não vem com desculpas, não vem com canções. Não vem. Se você tiver a fim de compreender o presente, precisa analisar o passado. Todo ele, dia a dia, cada palavra, seu borderô de atitudes passadas. Dá uma olhada em tudo que você fez e me diz. Viu? A novidade é que o dia que eu sempre prometi que viria, e que você nunca esperou chegar de verdade, veio. Eu cansei. Não sou mais eu.

Contou os anos? Quanto tempo esperei por você? Você crescer, você mudar, você mostrar algum remorso. Você tem de querer. Embora eu queira muito, mesmo eu querendo em dobro, não há como querer por você. Só quem enfrenta longas esperas sabe como é o inferno por dentro. Eu sempre falei, um dia alguém tinha de te dizer não. Eu queria que não fosse eu, porque aí eu poderia ficar numa boa e assistir você sofrer, nem que seja calado num canto, mas sofrendo, mostrando algum arrependimento ou qualquer traço humano. Quem sabe eu até enfiaria os dedos ainda com aneis no meio dos seus cabelos e diria que tudo ficaria bem. Agora é tarde, meu anel já se foi, nem os dedos ficaram.

Só que você sempre dá um jeito de se safar. Ficar seria tolerar suas mancadas. Você precisa perder pra entender onde errou, que isso que você faz é um erro, um dos feios. Que evitar e não tocar mais no assunto não é perdão ou esquecimento. É sufocar. E eu estava sufocando, morrendo na praia em frente ao mar de rosas que você anunciou, cheia de pétalas grudadas no céu da boca, entupindo os bofes, sem ar, uma vontade constante de regurgitar de volta suas garantias de araque. Partes de mim querem ir embora, partes de mim querem ficar. Ainda não terminei de gostar de você. Mas consegui. Agora fui. Porque comecei isso querendo ser sua companheira, passei a cúmplice das suas maldades, e ficar dessa vez vai me fazer sua comparsa. Não é um ‘até amanhã’ nem ‘até breve’ e nem ‘até mais’. É um ‘até você mudar’ ou ‘até você não ser mais quem você é’. Até nunca, então.

Gabito Nunes

Cuidar de você

05

Quando alguém de fora não entende nosso amor, brinco que você é quem me puxa pelo tornozelo quando o caos da cidade parece querer me engolir. Ou mando buscar aquela foto bacana que fiz de você com cara de quem não tem nada a ver com minha paz. Ou peço pra voltar ao maio que cedi meu suéter marrom e fiquei na maior pompa, segurando no osso o frio desgraçado. Ali, sem querer, predisse: vou cuidar de você.

Gosto disso, parece que finalmente sei fazer como ninguém algo nesta vida. Faço questão de estar de plantão naquele santo lugar, se num dia cheio de ambulâncias , buzinaços, marmita, cordões de isolamento, betoneiras e esporros desenrola um fio de impaciência tua, se a usual alegria recolhe a mão, se a tristeza vira um pedacinho teu.

A chave (que você sempre esquece) na fechadura é tua dor se debruçando em qualquer coisa que não pareça um buraco negro sem fim. Me alegro em pensar que meus braços parecem um tanque de calma que você mergulha quietinha, trêmula, menina. Fica ali, aninhada, lavando as manchas da alma, respirando baixinho minha serena confiança de que tudo fica legal, como se meu peito fosse o último tubo de oxigênio de todos os ambulatórios do planeta.

Sou teu ar, o irmão mais velho que nunca teve, teu anjo, teu sonho, teu fogo, aquele ursinho que caiu no poço quando era uma guriazinha esguia em 1991. Tem dias que cuido das tuas costas, outro cuido da bata rosa que adora usar e não sabe passar a ferro, outro cuido do teu mundo perfeito, do filme que vai passar, do teu banho, do teu bastante caldo de feijão com pouco sal, das tuas havaianas 35, encardida, verde-água, perdida na varanda.

Ao chegar mais ou menos pelas dez e meia da noite, quando terminam as luzes do prédio, quando paira a brisa outonal, quando já compensei todas as merdas do mundo fazendo tudo ou qualquer coisa por você, é a hora que a gente se basta, se encontra sem saber que braço é de quem, pra finalizar o dia com algum aconchego, algum prazer.

Ali renovo outra vez que sempre estarei lá, aqui, do lado da calçada onde passam rasantes os carros, abrindo a lata de atum, medindo gotas de tylenol na colher de sopa. Mas sem palavras, só com os lábios mornos procurando tua nuca no escuro dizendo que vou cuidar de você. Aí, minutos antes de você tapar os olhos de mel e recolher o último sorriso, pergunto o que seria do nosso amor se a gente não fosse tão diferente dos que não regam a rotina de poesia e chá de maçã.

As horas passam e parece até que o sol da manhã sabe que acordei do seu lado, antes de você, sem saber que braço era o meu, que fiquei um tempinho te olhando dormir de boca aberta feito nenê, antes de recomeçar todo sacrilégio com um “vem amor, tá na hora de acordar”. É morena, quem ama, cuida. Será tão difícil os outros entenderem?

Gabito Nunes

Amar é normal

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Só ama aquele de coração bom, aquele que gosta de dar, que ainda sorri largo e franzindo os ombros tipo criança. Ama só quem merece, quem procura e sabe que achou, quem não vê amar como uma coisa sublime e extraordinária, quem sabe o amor ao alcance das mãos, da boca, das costas, da nuca, dos pés. Ama quem provoca os olhos, as vontades, o sabor do outro. Porque amar é isso. Normal.

Amar é sofrer choque térmico quando chega a hora de dar tchau, é implicar com o jeito do outro, brigar no meio da rua, pegar na mão e fazer as pazes ali mesmo. Amar é brincar de briguinha, é dizer que vai amar pra sempre, é dar beijos e cheiros em lugares estranhos em locais inadequados, é beber no mesmo copo. Todo amante se arrisca meio poliglota “amore mio”, “mon amour”, “meine liebe” ou “meu amor” mesmo.

Amar é ouvir som de luz apagada, carregar na garupa, prestar os primeiros socorros, testar um óleo novo de massagem. Amar é beber milk shake de chocolate, alugar filme, cantar no chuveiro enquanto o outro escova os dentes, é dormir abraçadinho até mais tarde. Amar é não saber esperar, mas esperar mesmo assim. Amar é suspirar alheio, respirar ofegante, ter o peito encaroçado. Aquele que ama abusa do “inho”. Benzinho, docinho, tigrinho, morzinho. Amar é dizer “fazer coisinha”, mandar SMS de boa noite, escrever cartinha perfumada e todas essas idiotices gostosas.

O olho reluz, a pele melhora, o corpo reage, o coração bate feliz. Amar é mandar, achar que manda, obedecer, fingir que obedece. Amar é fazer vitamina de banana com nescau, é dar bom dia espreguiçando as vértebras com os braços esticados, sorrindo envergonhado de remela nos olhos. Amar é dizer “vem cá”, ter os pés aquecidos sem pedir, comemorar o dia do primeiro beijo, chegar da festa e comer pizza gelada. Só ama aquele que começa a falar pelo fim, que diz sim sem saber a pergunta, que discute o namoro sem lugar-comum.

Ama quem sai na rua pra tirar fotos, pra ver estrela riscar o céu, pra pisar na grama descalço, pra pegar um cineminha na terça. Amar é perguntar “tá dormindo?”, é descer do ônibus com o outro à espera, é cantar “she loves you yeah yeah yeah”, é morder queixo, orelha, cotovelo, panturrilha, lábio. Amar é comer uma coisa diferente e lembrar o outro, é ficar de mal, é arrumar tempo pra pensar no outro na correria do dia.

O cúmulo da saudade é amar. Você a sente mesmo estando juntinho. Amar é todas essas bobagens e muito mais. Amar é cotidiano. Amar é humano. Amar é instinto. Amar é necessário. Amar acontece. Amar é escrever. Pois gente, afinal, quem foi que começou que essa história de que amar não é uma coisa normal?

Gabito Nunes

Fórmula para dor de amor

A melhor fórmula para ganhar na loteria é jogar. A melhor fórmula para evitar o stress é sorrir. A fórmula para poupar o rosto das rugas é não encarar o espelho. Para não envelhecer, mentir a idade. Para conquistar alguém, Vinícius de Moraes. Para cólica, Atroveran. Para esconder as lágrimas, chorar na chuva. Para infidelidade, Lupicínio Rodrigues. Para temperar, sal de cozinha. Para má digestão, sal de frutas. Para azar, sal grosso.

 A melhor fórmula para receber uma boa notícia é desligar a televisão. A melhor fórmula para curar a gripe é limão e mel. Para emagrecer, toma-se vergonha na cara. Para casar, toma-se atitude. Para enxaqueca, toma-se analgésico. Para tranquilidade, toma-se chá de cidreira. Para saudade, toma-se a frente. Para diabetes, toma-se insulina. Para insultar, tomar naquele lugar. Para depressão, toma-se fluoxetina. Para ir, toma-se ônibus.

 A melhor fórmula para rir, é cócegas. A melhor fórmula para ganhar um abraço, é descruzar os braços. Para comer queijo, goiabada. Para beber uísque, gelo. Para comer pipoca, guaraná. Para ferida aberta, mertiolate. Para cair no chão, bicicleta. Para levar um tapa, avançar o sinal. Para inteligência, ler. Para um jantar romântico, velas. Para barba, loção. Para emoção, Clarice Lispector. Para insônia, Lexotan. Para gravidez, masturbação.

Para febre, termômetro. Para tétano, injeção. Para Alzheimer, palavra-cruzada. Para câimbra, alongamento. Para catapora, paciência. Para tosse, mão na boca. Para arrepio, sinal da cruz. Para verruga, não apontar estrelas. Para não ficar torto, não sair no vento. Para amargura, chocolate. Para Aids, camisinha. Para miopia, lentes de contato. Para raiva, contagem regressiva. Para hipocondria, placebo. Para inveja, arruda. Para frio, cobertor.

Para dor de barriga, erva-doce. Para dor de câncer, morfina. Para dor da culpa, Sigmund Freud. Para dor de choque elétrico, precaução. Para dor de dente, dentista. Para dor da solidão, bossa nova. Para dor nas costas, quiropraxia. Para dor de cotovelo, amor de sogra. Para dor de cabeça, mulher bonita. Para dor na consciência, perdão.

E a melhor fórmula para dor de amor? Aceitar de uma vez só que não tem fórmula, injeção, chá, antídoto, xarope, receita de vó, comprimido, remédio ou solução.

Gabito Nunes

Amor inventado

Ainda lembro, foi num Dia dos Namorados. Eu caminhava na rua com um pacotinho de papel pardo cheio de doces, por entre pessoas andando em par, com as auras azuis em volta das cabeças apaixonadas, em abraços empacotados, um tronco contra o outro, risos contra o vento, todos a favor da data, trocando presentes, procurando nomes aos pares em reservas de restaurantes cheios de sombra. A cidade sempre cinza, era púrpura. Eu também queria. Aí eu imaginei você.

Imaginei você com uma voz grave, mas doce, e a pele dos ombros macia e o cheiro da rua com o perfume da noite. Mentalizei seu olhar eternamente abandonado de saudade de alguma coisa que nem você sabe direito o que é, mas que me faz saber pra quem eu quero voltar todo dia, tipo às seis, sete, enquanto os dias melhores não vêm.

Foi assim mesmo, com esse corpo branquinho e pequeno, que dá a impressão de que vai se desintegrar todo se, pelas onze e pouco da noite, eu abraço você de conchinha e fico dizendo umas coisinhas pra te convencer que aquilo é amor, porque parece mesmo que a palavra “amor” perdeu o emprego.

Idealizei sua boca, que alterna os beijos mais famintos e atrasados de vinte anos sem Dia dos Namorados, com minhas dores de garganta, além de mais trezentas ardências, mágoas, tonturas, atrofias, ciúmes ou qualquer sofrimento da terra que justifique a involuntariedade desse seu jeitinho dengoso, de menina pidona, carente, quase filha única.

Eu pensei que fôssemos música e imaginei você apaixonante como “Penny Lane” ou alguma do Flávio Venturini ou Chico Buarque ou uma da primeira fase do Todd Rundgren, talvez “I Saw The Light”, aquela que foi trilha de O Primeiro Amor. Aquele filme triste sobre amores de infância, do tempo que a gente ainda tinha um futuro, toda uma estrada lírica pela frente e não existia esse desespero de gente grande cercada de não-amor. Falo daquele amor que deixa o pensamento chuviscado, pois a gente já não sabe mais se realmente faz sentido ou é apenas uma velha e passada criação da nossa memória cansada da tragédia contemporânea.

Tem dias que eu me pergunto se alguém conhece outro alguém que ama alguém. Não, só sei de você – as pessoas me respondem, sabendo que te encontrei. Amo sim, antedigo. Porque eu não esperava te encontrar da mesma forma como te imaginei. E sei que você também não. Vai ver a gente se inventou pra sobreviver nesse tempo errado, onde só nós dois somos os certos.

Gabito Nunes

Cogumelos mofados

Eu estava imersa em sábados normais e românticos e também numa camisa de flanela que encontrei amarrotada na cadeira. Uma pastel e xadrez com seu cheiro elegante de homem engraçado. O encanto veio justamente em me deixar seduzir com seu jeito meio lord-atrapalhado e aquele humor auto depreciativo. Você dizia tão menininho lindo que penduraria as chuteiras depois que uma mulher como eu passasse por sua cama. Eu ri, tão Anos 20. Contigo fui até um pouco mulherzinha em tanto tempo. E eu gostei.

Dizem que mulher se apaixona quando transa. Mentira. Sexo pro homem é putaria, pra mulher é volúpia, só muda o bom-tom da palavra, a essência é a mesma. Tantas madrugadas de amizade batendo papos sobre Jogos, televisão, meus gostos músicais e só me apaixono depois de descobrir que você tem o peito quentinho em madrugadas frias. Ou da forma que espera a pizza a 1hora da madrugada. Quase não havia pizza no meu mundo antes de chegar você.

Taí. Não sei se você passou a ser o pai dos meus filhos na cozinha ou no quarto. Foi no corredor. No eixo que sepultou a palavra “amiga” do seu vocabulário calmo com os lábios grandes meio Kevin Costner. E olha, eu tentei acordar antes do previsto, no meio de sonhos bons, lambendo a própria boca como fossem meus lábios tampas metálicas de iogurte com o sabor de um beijo seu.

Eu tentei viver roboticamente carregando debaixo do braço o lema “só-por-hoje-não-vou-bolar-um-plano-pra-te-ver”. Eu tapei os ouvidos e gritei “lá, lá, lá” nas músicas que ameaçavam te lembrar em dias seguintes. Até nas que já vinham com o “lá, lá, lá” incluso. E, infelizmente, há tantas com “lá, lá, lá”, não sei se porque seu sorriso fleumático ou a unha do seu dedão deformada de tanto futebol entraram de sola na minha porta de vez.

Da última vez em que acordei do teu lado com aquele sorriso debochado de quem me fez acordar com cara de “foi-bom-pra-mim”. Porra, você é sim insubstituível. Merda, você é sim importante. E eu odeio seu jeito de dizer tchau. E foi-se o tempo que eu me orgulhava em ser solitária.

A minha rotina, por mais badalada que seja, parece uma doença crônica. Sinto uma saudade oceânica dos nossos sábados normais e românticos. Das pizzas, nunca mais provei. É a única comida que quanto mais mastigo, mais vazia me deixa.

Há tempos eu grito pelo diferente. Por um dia normal no supermercado te perguntando sobre o que a gente pode fazer de janta. Em vão. Cada dia eu fico mais afônica. A festa com as gurias é replay dos próximos sábados. O Happy Hour com os rapazes da hospital é um dejavú da sexta-feira que você piscou pra mim enquanto concentrado jogava no computador.

Eu odeio tanto você e essa sua mania aquariana de não ser igual aos outros. Odeio esse sincronismo entre o esperar por um amor e o viver um amor. Sem você eu tenho tempo pra tudo e continuo sendo nada. Será que hoje você já descobriu que apertar o lóbulo da minha orelha quer dizer que me adora? O problema não é responder a pergunta. É saber a resposta de cor-e-salteado.

De tanto eu odiar calcular triângulos, amorosos ou não, tento todo dia um pouquinho largar esse trapézio de vida e seguir em linha reta pra onde quer que você e suas pizzas de pimenta não estejam. Tudo enquanto no final sigo presa no seu círculo delicioso. Posso correr pra qualquer lado, dar tantas e tantas voltas, sem nunca escapar de esbarrar no seu peito com cheiro elegante de homem engraçado.

O amor ficou no ar e eu fora dele, com meus planos de “pra sempre” mais fortes do que nós dois juntos. Casada com seus mistérios, com a leve impressão do toque dos seus lábios mornos no meu nariz gelado sempre que o termômetro cai. Sigo caminhando, aceitando todos os convites, fugindo de mim e de você, numa ida sem volta, sempre com a impressão de que já passei por aqui.

É muito bom querer coisas, mas ninguém melhor que você pra me ensinar que há sonhos que nascem pra não ser.

 
Gabito Nunes