É natural depois de um término que fiquem as dúvidas, ressentimentos, mágoas, decepções e conseqüentemente os medos…é uma mistura sem fim de sentimentos e emoções, como aquela pia suja de louça depois de uma festa que você só se dá conta no domingo a tarde, eis que a nossa defesa, consciente ou não, aciona o alerta.
Depois do choro, das tentativas frustradas de compreensão, negação, do jogar tudo fora, de desabafar até com as pessoas erradas…tenta se reinventar, a repescagem dos contatos antigos, mudar a cor dos cabelos, procurar atividades novas que ocupem o tempo, reencontrar “amigos” que estão na mesma que você, e então começa a sair e conhecer gente e lugares e gente e lugares…na tentativa de algo que nem se sabe o que.
São muitas risadas, bebedeiras, festas, viagens, flertes e pra completar ainda tem Ano Novo, Carnaval, feriado…e a sensação instantânea da liberdade e da fonte da juventude, aí a origem das fotos que expõe a felicidade infinita?
O que está por trás desse sorriso, menina? Questiona-se o próprio caráter e então, mais uma dose…mas agora de dúvidas, frustrações e os choques de realidade…e quantos sábados acabaram secretamente lendo um livro, assistindo uma comédia romântica ou assistindo Altas Horas…?
Não, você não se encaixa nisso tudo, não são aquelas pessoas que se parecem com você, não é com elas que você tem assuntos e risos intermináveis e te fazem bem e te fazem preferir um show aberto do Jorge Ben em um domingo, ou um sábado em casa com uma comidinha de casa, uma cerveja e um filme bobo…muito provavelmente é neste momento que você tenha conseguido, finalmente, limpar os seus pratos que tinham ficado desde aquela última discussão.
É a retomada da sua essência, quando você volta a ter clareza das coisas…mas nesse caminho, entre aventuras, alguém pode ter chamado sua atenção, te ouviu e você transpareceu seu trauma e evidenciou seu pesadelo em assumir alguém pela próxima década…será que é por isso que some e aparece, e aparece e some, mas de forma ou outra se faz presente?
Admirável, de aparente coração gigante, cabeça aberta, ensina coisas novas, apresenta livros e apóia idéias questionadas por todo mundo: “para quê?”. Pensado ou não, proporciona momentos realmente bacanas, de conversa infinita, de cia boa e que te fazem querer repetir a dose, transmite algum afeto e respeito e tem algo que chama atenção, que talvez você ainda não saiba explicar…mas, faz bem e mesmo com a certeza de ser tão diferente você arrisca dizer que são também, tão iguais.
Não adianta pré julgar, viver de suposições e hipóteses que muitas vezes estão tão somente dentro da cabeça de cada um, eu já limpei meus pratos, mas hoje tenho plena certeza que essa não é uma desculpa para manter o alerta sempre ligado e perder oportunidades.
Ana Carolina Rosalino