Certos sonhos não duram mais que alguns minutos

MiragemAs poças não eram poucas na quadra enorme, minhas sapatilhas vermelhas sambavam nas águas frias.
O vento dava uma sensação de leveza em contraste com a falta de pureza.
A vista lá de cima dava pra um prédio antigo muito interessante de se olhar, bem que já haviam me dito isso!
A moça que eu enxergava ao meu lado tinha um sorriso muito doce, nossas palavras eram incertas e tímidas.
O motivo que estávamos ali não sabíamos nem procurávamos saber mas que algo muito forte nos conectava não tínhamos dúvidas.
Fechei meus olhos ao sentir os lábios macios em minhas bocas decididas.
Minhas mãos trêmulas em sua cintura modelada queriam deslizar pelo seu corpo inteiro…
– Ô moça, a faculdade vai se fechar… Você vai ficar sozinha aí olhando pro nada? – Disse o faxineiro com certo tom de piada ao me ver pequena e sozinha perante aquela quadra enorme.
Certos sonhos não duram mais que alguns minutos. Balancei minha cabeça de um lado para o outro para ver se os desejos voavam com o vento. Peguei o caderno ao chão, agradeci ao faxineiro e desci as escadas que mais uma vez, como todos os dias, pareciam não ter fim.”
Letícia Giraldelli