Fim, sem fim.

Eles se gostavam. De verdade. De doer. Mas a intensidade do gostar era a mesma da certeza que tinham da impossibilidade daquilo acontecer. Havia mil razões e eles sabiam cada uma de cor. Eram o seu calvário. Juravam não mais se ver. Mas se viam e a coisa aumentava exponencialmente. Ele prometia dar um jeito no que não tinha. Ela acreditava nele – ou fingia – porque o queria de novo. Mas não podiam continuar assim, enganando o tempo. Amores que não são plenos são vistos como amores coitados pelos demais nas rodas de fofocas dos amores. De certa forma, eram coitados mesmos. Rotos e esfarrapados corações, planos que não se fixavam no papel nem em lugar algum. Tinham que se decidir se queriam viver só de curtos presentes inventados ou se iriam rasgar com o mundo e desenhar um futuro. O tempo, paciente, já se impacientava com eles…

Sérgio Freire